Evite as Controvérsias e Viva a Verdade
Texto Bíblico: Tito 3:8-11
Mensagem central: A verdadeira fé se mostra em boas obras, não em discussões. O crente maduro evita as controvérsias e vive a verdade com firmeza, graça e amor.
Introdução
Vivemos em um tempo em que as discussões, polêmicas e
divisões se multiplicam — até mesmo entre os cristãos. As redes sociais
transformaram o diálogo em um campo de batalha, e a fé de muitos tem sido
sufocada por debates inúteis. O apóstolo Paulo, em sua carta a Tito, nos chama
a uma vida centrada no evangelho e não em controvérsias. Ele adverte sobre o
perigo das disputas teológicas vazias e da heresia persistente. Nesta mensagem,
veremos o apelo apostólico para que sejamos fiéis à verdade e frutíferos nas
boas obras, evitando aquilo que destrói a comunhão e apaga o testemunho
cristão.
Contexto Histórico
A Epístola de Paulo a Tito foi escrita por volta de 64 d.C.,
provavelmente de Nicópolis, logo após sua libertação da primeira prisão em
Roma. Tito, um cooperador fiel de Paulo, fora deixado na ilha de Creta (Tito
1:5), uma sociedade conhecida por sua corrupção moral e falsidade — o próprio
Paulo citou que “os cretenses são sempre mentirosos, feras terríveis e
ventres preguiçosos” (Tito 1:12).
A igreja em Creta enfrentava um problema sério com falsos mestres judaizantes, que insistiam em controvérsias sobre genealogias e leis cerimoniais (Tito 3:9). Paulo orienta Tito a exortar os crentes a se dedicarem às boas obras (Tito 3:8) e a rejeitarem pessoas facciosas (Tito 3:10-11). O propósito era preservar a pureza do evangelho e a unidade da igreja.
I. A Firmeza na Palavra Fiel (Tito 3:8)
A expressão “fiel é esta palavra” (grego: pistos
ho logos) indica uma verdade digna de total confiança — uma declaração
apostólica incontestável. Paulo reforça que o evangelho é a base de toda boa
obra.
A. O fundamento da verdade revelada. A fé cristã não
é uma opinião entre muitas, mas a revelação de Deus em Cristo (João 14:6). Ser
firme na palavra fiel é edificar sobre a rocha, não sobre o vento das opiniões
humanas.
B. A importância de afirmar com convicção. Paulo diz:
“Quero que afirmes categoricamente estas coisas”. A palavra grega diabebaioûsthai
significa “assegurar com força”, indicando que o pregador deve declarar o
evangelho com autoridade e clareza.
C. A consequência prática da fé verdadeira. A
verdadeira fé sempre produz boas obras (Tiago 2:17). Crença sem obediência é
apenas teoria espiritual. Paulo exorta que os que creram se “apliquem às
boas obras”.
D. A distinção entre o essencial e o periférico. O
evangelho é essencial; debates secundários são periféricos. O cristão maduro
aprende a distinguir o que edifica do que destrói.
E. A utilidade e bondade da verdade. O texto conclui:
“Essas coisas são boas e proveitosas aos homens”. A verdade de Cristo
não apenas salva, mas transforma e aperfeiçoa o caráter.
II. O Perigo das Controvérsias Inúteis (Tito 3:9)
Paulo adverte: “Evita questões tolas”. A palavra grega mōras
(de onde vem “moron”) significa “insensato, tolo”. São debates sem valor
espiritual.
A. As discussões que desviam da edificação. Muitos
gastam energia discutindo teorias sem relevância para a salvação. Paulo chama
isso de “questões tolas”.
B. As genealogias e legalismos religiosos. Os
judaizantes insistiam em genealogias para provar pureza espiritual. Paulo
rejeita essa prática como inútil (1 Timóteo 1:4).
C. As contendas doutrinárias sem amor. Discussões sem
amor produzem divisão. O amor é o critério da verdade (1 Coríntios 13:2).
D. A esterilidade espiritual da polêmica. “São
inúteis e vãs” — não produzem fruto do Espírito (Gálatas 5:22). A polêmica
seca a alma e destrói a comunhão.
E. O chamado à maturidade cristã. O crente maduro
sabe quando falar e quando calar. Evitar contendas é sinal de sabedoria
(Provérbios 17:14).
III. O Discernimento Diante do Herege (Tito 3:10)
“Evita o homem faccioso.” A palavra grega hairetikón
(de onde vem “herético”) significa “aquele que escolhe para si”, ou seja,
alguém que rejeita a unidade da fé para seguir sua própria opinião.
A. O reconhecimento do espírito divisivo. O herege
não busca a verdade, mas vitória. Seu coração é dominado pelo orgulho (1
Coríntios 3:3).
B. A responsabilidade pastoral da exortação. “Depois
de uma e outra admoestação.” A graça oferece oportunidade de
arrependimento. A correção deve vir antes da separação.
C. A rejeição necessária ao persistente. Se, mesmo
advertido, o indivíduo persiste no erro, deve ser rejeitado. Essa é uma medida
de amor à igreja, não de ódio ao indivíduo.
D. A pureza doutrinária preservada pela disciplina. A
disciplina eclesiástica visa proteger o corpo de Cristo da corrupção
doutrinária (Romanos 16:17).
E. O equilíbrio entre misericórdia e verdade. A
igreja deve ser paciente, mas também firme. Misericórdia sem verdade é
conivência; verdade sem amor é dureza.
IV. A Corrupção Interna do Herege (Tito 3:11)
“O tal está pervertido e peca, estando condenado por si
mesmo.” A heresia é mais do que erro intelectual — é rebelião espiritual.
A. A degeneração moral do erro teológico. A palavra
“pervertido” vem do grego ekstrephō, “distorcido, virado do
avesso”. O erro doutrinário inevitavelmente leva ao desvio moral.
B. O pecado como causa e consequência. O pecado
alimenta o erro, e o erro reforça o pecado (Romanos 1:25-28).
C. A condenação autoimposta. “Condenado por si
mesmo” mostra que o próprio comportamento revela o julgamento de Deus (João
3:19).
D. O perigo da consciência cauterizada. O herege
insiste no erro até perder a sensibilidade espiritual (1 Timóteo 4:2).
E. O chamado ao arrependimento genuíno. Deus ainda
chama ao arrependimento antes do juízo final (2 Pedro 3:9).
V. A Frutificação das Boas Obras (Tito 3:8)
A fé verdadeira sempre se manifesta em ação prática. A
doutrina correta produz vida correta.
A. As boas obras como evidência da salvação. Não
somos salvos pelas obras, mas para as obras (Efésios 2:10).
B. O exemplo de Cristo, servo por excelência. Jesus “andou
fazendo o bem” (Atos 10:38). O discípulo segue o exemplo do Mestre.
C. O testemunho visível do evangelho. As boas obras
glorificam o Pai (Mateus 5:16) e confirmam a autenticidade da fé.
D. A motivação interna da gratidão. O amor de Cristo
nos constrange a servir (2 Coríntios 5:14). A graça gera gratidão, e a gratidão
gera ação.
E. A recompensa eterna do serviço fiel. Quem semeia
no Espírito colherá vida eterna (Gálatas 6:8-9).
VI. A Unidade como Testemunho da Verdade
A verdade do evangelho se manifesta na unidade do corpo de
Cristo. Onde há divisão, o testemunho é enfraquecido.
A. A oração de Cristo pela unidade (João 17:21). Jesus
orou para que sejamos um, a fim de que o mundo creia. A unidade é
evangelização.
B. O vínculo da paz mantido pelo Espírito. “Esforçando-vos
diligentemente por preservar a unidade do Espírito” (Efésios 4:3). Unidade
não é uniformidade, mas harmonia.
C. A edificação mútua através do amor. O amor cobre
multidão de pecados (1 Pedro 4:8). A comunhão cura as feridas da divisão.
D. A vigilância contra o espírito de discórdia. Satanás
adora semear contendas (Provérbios 6:19). O crente deve estar atento para não
ser instrumento dele.
E. O poder do testemunho unido. Uma igreja unida tem
autoridade espiritual e impacto missionário (Atos 4:32-33).
Conclusão
Paulo ensina que a igreja não deve ser um campo de debates,
mas um terreno fértil de boas obras. A verdade não se defende com gritos, mas
com vidas transformadas. Aquele que insiste em divisões revela que ainda não
entendeu o evangelho da graça. Devemos afirmar a verdade com firmeza, evitar
discussões tolas e preservar a unidade do corpo de Cristo.
Aplicação
1. Examine
se suas conversas e posturas edificam ou dividem.
2. Decida
hoje ser um pacificador, não um provocador.
3. Concentre-se
no essencial da fé e abandone disputas infrutíferas.
4. Pratique
boas obras que confirmem sua fé.
5. Se necessário, afaste-se de quem insiste em semear contendas.
6. Ore por discernimento para defender a verdade com amor.