A Experiência do Caminho de Emaús

A Experiência do Caminho de Emaús
Texto: Lucas 24:13-35
Introdução: Este relato do aparecimento do Cristo ressurreto a dois anônimos discípulos é exclusivo do Evangelho de Lucas.

Este relato do aparecimento ocorre quando duas pessoas estavam a caminho de uma aldeia chamada Emaús. Este texto nos faz lembrar da seção central de Lucas nos capítulos 9:51 e 19:27, onde Jesus ensina quando viajava, ao longo das estradas.

Outra característica marcante deste texto é o ensino das escrituras por Jesus, levando sempre a uma postura escatológica sobre a vida do Filho de Deus.

Outro momento importante neste texto é o da comunhão, onde Jesus toma e parte o pão, demonstrando palavras bem parecidas com Lucas 9:10-17, onde alimenta as cinco mil pessoas e com as suas ultimas palavras na ceia.

Podemos dividir este texto em três partes que condensam simbolicamente o ministério de Jesus entre os homens:
1) O ensino de Jesus pelas estradas da palestina.
2) A catequese profunda, interpretativa, prática e escatológica do Antigo Testamento.
3) A comunhão, os momentos de intimidade e o alimento espiritual.

Este texto é na verdade um resumo do ministério de Jesus.

Análise do texto: Emaús é com certeza um lugar que significava muito para aqueles discípulos. Era onde as suas famílias residiam, onde haviam deixado tudo para seguir o Cristo que agora , para eles, estava morto.

A distancia de Jerusalém a Emaús era de 11 quilômetros, e a viagem a pé durava um dia e uma noite, de caminhada cansativa por uma estrada de elevações íngreme e sem nenhuma pavimentação e muito arenosa.

Temos para nós a estrada de Emaús como um caminho de regresso, como o retorno a nossa vida do passado, aquilo que fazíamos e praticávamos fora da vontade de Deus.

Outra característica de Emaús é também considerada como a estrada da decepção, do desespero, e da desobediência.

A estrada de Emaús é considerada por nós como a estrada da falta de fé, da inobservância das escrituras, mas é também a estrada do nosso resgate nos momentos de sequestros em que o desespero e a nossa fraqueza nos levam ao cativeiro da apostasia.

O primeiro fato importante a ser observado é o desânimo dos discípulos: “Nós esperávamos que fosse ele quem redimisse a Israel”.

Os discípulos esperavam um triunfo magnífico e cinematográfico de Jesus sobre os romanos e judeus, mas isso não acontecera, levando-os ao total desânimo.

Outro fato muito importante que lemos é o que está no verso 13: “Naquele mesmo dia”.
Essa é uma continuação do texto anterior que fala da ressurreição de Cristo e do seu aparecimento a alguns dos seus seguidores.

Com certeza aquele dia era o dia mais importante da humanidade, o que dia em que o filho de Deus ressuscitou, o dia em que a morte foi vencida, o dia em que Deus triunfou sobre o mal.

Era um dia de vitória dentro do Cosmo, era um dia de vitória para o ser humano. Dia de festejar.
Mas o que estava acontecendo com aqueles dois discípulos era totalmente contrário a versão original dos sentimentos, pois eles ainda choravam a morte, enquanto Jesus já havia ressuscitado.
Era o paradoxo das emoções.

Como podemos explicar o sentimento de desânimo e decepção daqueles discípulos?
Se aquele era dia de festa como poderia estar triste?
Se no dia de glória se sentir derrotado?
Se no meio da maior vitória que o universo já teve sentir-se um fracassado?
Se no dia da esperança sentir-se decepcionado?
No decorrer das nossas vidas infelizmente passamos pela experiência da estrada de Emaús:
A estrada do regresso: Onde retornamos a nossa antiga “vidinha” de pecados e erros.
A estrada da decepção: Onde caímos na decepção com a fraqueza humana.
A estrada do desânimo: Onde ficamos desanimados através das circunstâncias difíceis que nos assola.
A estrada da cegueira: Onde não conseguimos ver a atuação de Deus e achamos que não se importa mais conosco.
Porém, se você está na estrada de Emaús, saiba que Deus vai se achegar a você e vai te mostrar como voltar para aquilo que Ele te designou.

Mas quando é que passamos pela Experiência da Estrada de Emaús:

1) Passamos pela Experiência do Caminho de Emaús quando vivemos as imagens do passado. V. 14

“E iam conversando a respeito de todas as coisas sucedidas”.

A pergunta é: o que havia sucedido?
Havia na memória dos discípulos imagens marcantes que nunca iriam esquecer. Eles comentavam sobre essas lembranças que estavam moendo as suas almas.
Havia muitas coisas para se lembrar:
*Os grandes milagres de Jesus e seus feitos miraculosos onde mostrou que tinha poder sobre a vida dos homens, sobre as forças da natureza e um conhecimento grandioso da Vontade de Deus.
Só que essas lembranças não ocupavam os comentários das coisas sucedidas. Aqueles dois discípulos lembravam fielmente, como se tivessem um projetor de filme em suas mentes, cena por cena do momento em que o poderoso Jesus foi calado, humilhado, cuspido e maltratado até a morte.
Aquelas cenas não saiam de suas mentes, pois o tira teima da dor reprisava aquelas dolorosas imagens para que os seus corações sangrassem cada vez mais.

A psicologia afirma que temos uma queda a nos lembrarmos mais das tragédias que das bonanças. Hoje em dia a tragédia é tema de filmes e tema do nosso jornalismo mundial. Lembramos mais rotineiramente das desgraças que dos momentos bons.

A psicologia ainda fala que se quisermos bloquear uma boa lembrança na nossa mente é só plantarmos sobre a boa lembrança uma má lembrança. Isso trará um bloqueio imediato daquilo que era uma boa e agradável lembrança.

Muitas pessoas passam a viver a Experiência do caminho de Emaús porque não conseguem viver o presente, vivendo sim, o passado mórbido e trágico.

Quando enfrentamos a Experiência do Caminho de Emaús não conseguimos nos lembrar dos momentos bons e isso nos afeta, pois sangra em nós aquela mágoa, aquela decepção. E vamos cada dia mais dando grandes passos no Caminho de Emaús.

Por estarmos com os olhos no passado trágico não podemos ver o presente.

Pare para pensar:
Você está vivendo das imagens do passado?
Você não consegue mais se lembrar de momentos agradáveis?
Você está vivendo das amarguras de um passado trágico que ficou para trás, mas te machuca ainda?
Saiba que se essas imagens do passado são projetadas na sua mente agora, e isso te dói, te machuca, pois é uma ferida ainda não cicatrizada, Jesus se achega a você agora, a decepção vai passar, o passado vai ser lançado no mar do esquecimento.

2) Passamos pela Experiência do Caminho de Emaús quando sofremos decepções. V. 17, 21.

“Então, lhes perguntou Jesus: Que é isso que vos preocupa e de que ides tratando à medida que caminhais? E eles pararam entristecidos”.
“Ora, nós esperávamos que fosse Ele quem havia de redimir a Israel; mas depois de tudo isso, é já este o terceiro dia desde que tais coisas aconteceram”.
Dizem por ai que a esperança é a ultima que morre, mas as desses dois aqui já passavam pelo processo de decomposição.
A esperança caiu no posso lamacento e escorregadio da decepção. Eles mantinham uma expectativa da fé, do trabalho e dos serviços prestados a Jesus e foram chocadas pelo desconforto da não sustentação dessa expectativa.
A decepção foi o caminho mais curto para aqueles dois homens, que esperavam uma coisa de Jesus e receberam outra completamente diferente.
Esperavam vitória e receberam derrota.
Esperavam um reino político e receberam um reino espiritual.
Esperavam guerra e receberam a paz.
Naquele momento Jesus aproxima-se deles e dirige-lhes uma simples pergunta:
“O que vos preocupa e de que vais tratando...”.
Já sentiram o desconforto de um curativo ou daquela gaze que cola ao ferimento e você terá que puxar aquilo de qualquer maneira?

Foi isso que Jesus fez! Pelo menos foi o mesmo desconforto. Jesus puxa o curativo grudado, ressecado e ainda hemorrágico da ferida da alma daqueles homens.
Os discípulos mostram duas reações, diz o teólogo Craig Evans, de decepção e de confusão.
Eles tinham esperanças errôneas e sentiram-se decepcionados pelos acontecimentos trágicos que haviam sucedidos.
Eles se esqueceram das promessas espirituais, das bênçãos infinitas de Deus através de Jesus. Eles não conseguiam ver uma restauração espiritual e sim política.


“Nós Esperávamos”.
A esperança se torna coisa do passado, a decepção mina a esperança, impede de ver a realidade e nos faz retroceder ao passado.
“Eles pararam entristecidos”.
A decepção traz estagnação, eles param, isso mostra que há uma paralisação emocional quando somos surpreendidos pela decepção.
Nossas vontades não coordenam a vontade de Deus, se temos motivações erradas para buscar a Deus estamos no caminho certeiro da decepção.
Temos que entender que nascemos para submetermos a Vontade de Deus.
Por isso andamos tristes, cabisbaixos e sem rumo, por não entender que “Tudo Coopera para o bem daqueles que amam a Deus...”. (Romanos 8:28)
Outra consequência da decepção é a falta de comunhão com o grupo, como relata o verso 13:

“Dois deles estavam de caminho para Emaús”.
Isso nos mostra o tamanho da decepção, pois estavam saindo de Jerusalém, para voltarem para os seus antigos afazeres, estavam dispersos, longe do grupo que seguia a Jesus, estavam longe da comunhão, perderam a esperança e a comunhão.
A decepção com Deus, com a igreja, com os irmãos e com o pastor, trás consequência como o desânimo, o retorno ao pecado e a falta de comunhão com os irmãos.
Os discípulos disseram que já era o terceiro dia, e nada havia mudado, a decepção era grandiosa e ainda doía.
Eu faço uma analise sobre cada um desses três dias, olha só:
Primeiro Dia: Dia do Choque.
Segundo dia: Dia da Esperança.
Terceiro dia: Dia da decepção e do desespero.

Pare para pensar: Você passa por que dia? Você está em choque, com uma pontinha de esperança ou já caiu na decepção e no desespero?
Qualquer um que seja o seu dia, Jesus está se achegando a você nesta hora. Ele toca nas suas feridas, ele toca na sua decepção, ele quer mudar sua visão do mundo e das coisas, deixe Jesus mexer dentro de você.

3) Passamos pela Experiência do Caminho de Emaús por desconhecermos as Escrituras. V. 27

“E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras”.
Nós conhecemos a Jesus e sabemos de sua Vontade e de seus mandamentos para nossas vidas pelas Escrituras.
Perguntamos: porque viver então no passado, fora da comunhão, decepcionados, desanimados e sem força para buscarmos a Deus?
A resposta é clara e vem do próprio Jesus: “Errais por desconhecer as escrituras e o poder de Deus”. (Marcos 12:24)
Paulo afirma a Timóteo em 3:16 que a Palavra de Deus é para o nosso ensino.
É na palavra que contém as grandes promessas de Deus para as nossas vidas. Por isso que temos que nos apegar aquilo que Jesus disse e ensinou e não àquilo que achamos ou pensamos.
Neste verso Jesus lança mão das Escrituras e discerne os acontecimentos, tudo que aconteceu e que estava acontecendo, tudo estava escrito, tudo era previsto.
As marcas do passado, o desânimo, a decepção, a falta de comunhão os impedia de ver o que a Escritura dizia.
Às vezes colocamos as nossas emoções na frente da Palavra de Deus, e isso só nos trará decepção, falta de comunhão, confusão, desanimo e desvio daquilo que Deus quer para nós.
Se não olhamos atentamente com discernimento da Palavra de Deus o que está acontecendo, ficaremos confusos e sem rumo, perderemos a confiança, estaremos sujeito a superstições, tristezas, decepções, desvios de caráter.
Deixamos de ver Jesus ao nosso lado, porque perdemos a visão da sua Palavra.
Pare para pensar: Como está a sua vida com Deus e seu estudo da Palavra?
Você tem estado firme naquilo que é a Verdade insolúvel de Deus ou tem se deixado levar por ventos de doutrinas?
Tudo que aparece dizendo que é de Deus você recebe e pronto, ou você analisa pela Palavra?
Você tem se dedicado a ler, estudar, meditar?

Conclusão: Chegamos ao fim do caminho de Emaús, foi um dia e uma noite de viagem cansativa, onde o sol escaldante das imagens do passado são refletidas na tela da nossa mente. Onde a dura e pedregosa estrada da decepção, do desanimo e da falta de comunhão não tem fim. Onde a noite da falta de embasamento Bíblico nos afeta a visão e nos deixa sem rumo.
Lembre-se de uma coisa, que é primordial, Ele está com você!
O Soberano Deus, através de sua graça se achega a você, mesmo sendo na sua Experiência do Caminho de Emaús.

Jesus dá o primeiro passo, ele toma a postura de ir se encontrar com você neste caminho tão doloroso, onde as suas feridas (Decepção, apego ao passado, desânimo, falta de comunhão, falta de conhecimento da Palavra) estão sangrando e Ele tem o remédio para curá-las.
Ele é a solução eficaz para todas as suas dores e feridas.

Lembre-se hoje é o terceiro dia de suas dores. Terceiro dia é dia de glória, dia em que podemos dizer: Ele venceu a morte, Ele é Deus, é dia de vitória.
Abra os seus olhos agora, esqueça o passado, lance fora às decepções e busque na Palavra o retorno deste caminho de Emaús.

Não deixe passar muito tempo. Há pessoas que esperam chegar a Emaús, para descobrir que Jesus estava presente por um dia e uma noite, e eles não viram, nem perceberam.
Lembre-se a solução está do seu lado, é só deixá-lo te abençoar e lhe reforçar os ânimos, saia desta estrada e venha para ao caminho que é Jesus.

Espero que você não deixe que a solução imediata dos seus problemas desapareça na sua frente depois de ter estado com ela por todo caminho.

Volte, ele está vivo!

Abra os olhos, Ele está contigo!

Pastor Magnos Christy

14 Comentários

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  1. Muitas vezes deparamos neste caminho de Emaús, ainda bem que Jesus sempre aparece pra nos mostrar o verdadeiro Caminho.
    Pastor, Deus te abençoe por esta mensagem.

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  2. Bom dia, faltou falar sobre a importância de pedido dos discípulos para que o mestre Jesus ficasse pois a noite estava chegando e talvez a parte mais importante quando os discípulos consegue ver Jesus, no momento e que Jesus parte o pão, neste momento os olhos dele se abrem e ele reconhece que todo tempo estavam andando com Jesus, em seguida retorna para Jerusalém, mas especificamente para igreja onde estava reunido os onze, porém mesmos faltando o complemento muito boa analise.

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    1. muito boa suas colocações. mais acho que tenho um observação a fazer.
      tenho para mim que o sentido do texto quando jesus parti o pão em que seus olhos são abertos, acho que jesus nos quer dizer que só conseguimos ver a cristo quando ha um partilha com o próximo. ai conseguimos ver a cristo e cristo se revela a vc. etc..

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  3. vdd quantas vzs nos deparamos nesse caminho de Emaús obrigada SEnhor por sempre esta conosco...linda msg Pastor Deus te Abençoe

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  4. edificante que deus adencoe

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  5. gloria a Deus, muito lindo o amor de jesus, mesmo distanciando dele ele se faz presente para abrir nossos olhos...

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  6. Me desculpe meu irmão mas 11 kl não leva um dia e uma noite nunca

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    1. Depende; se o terreno era tão difícil como citado, pode ter levado esse tempo sim. Reveja o texto...mas isso não é relevante.

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    2. Você esta levando em consideração , estrada asfaltada ou estrada de terra batida , estude sobre geografia biblíca .

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  7. Muito Boa reflexão! Muito Boa para uma cura interior e verdadeira adesão à Palavra. Mas concordo com o irmão acima, faltou a alegria da descoberta, dos corações ardendo enquanto Jesus falava. Da partilha do pão mostrando que Jesus é o alimento.

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  8. PARA MIM, ESSA REFLEXÃO FOI ÓTIMA PORQUE VEIO COMPLEMENTAR A HOMILIA DO SACERDOTE NA SANTA MISSA DO DIA DE HOJE. AMÉM.

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  9. Gloria Deus por essa palavra quer o nosso Deus continue abençoado o senhor pastor!

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  10. Glória a Deus, palavra edificante, porém focou muito no desânimo e faltou realmente falar do final feliz, onde lhes foram aberto os olhos e voltaram, com alegria para dar notícias aos discípulos. que DEUS continue o abençoando sempre( claro que todos gostamos de final feliz ).

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