Lídia, uma mulher progredindo cada vez mais

Sermão para o dia internacional da mulher, 8 de Março

Texto: Atos 16:11-15

Introdução: Enquanto a mulher dos tempos antigos deixou a carreira para cuidar da família, a de hoje  é “mulher multitarefa”: a um só tempo cuida da carreira, de si mesma, dos filhos, do marido, considerando todas estas áreas importantes. O resultado de tudo isto, segundo o consultor Bruno Maleta, autor do livro “Poderosas consumidoras – o que quer e pensa a nova mulher brasileira”,  é que a mulher carrega sempre o que ele chama de “pequenas dores femininas”: segundo pesquisa feita por seu  instituto, com 2.000 mulheres,  51% queixam-se de falta de tempo para se cuidarem melhor e 94% delas estão insatisfeitas com o próprio corpo. Como a mulher pode, então, enfrentar  uma agenda apertada,  ter autonomia profissional e ainda sentir-se pessoalmente satisfeita?  O texto de hoje é uma inspiração para vencer estes desafios femininos dos nossos dias....

Paulo, acompanhado de Lucas, Silas (15:40) e Timóteo (16:1-3), desenvolveu a sua segunda viagem missionária a partir da Macedônia, obedecendo a visão celestial (16:9-10). O primeiro esforço evangelístico deu-se em Filipos, importante cidade de um dos quatro distritos macedônicos, colônia romana desde 167 a.C, com administração autônoma isenta de impostos,  mas seguindo as leis e  os costumes romanos.  Nela moravam  os veteranos de guerra romanos...

Em  Filipos Paulo usou sua estratégia preferida: estabelecer um ponto de contato com alguma manifestação religiosa. Como não havia sinagoga, buscou um “lugar de oração” (v. 13) junto ao Rio Gangites, que ficava a aproximadamente um quilômetro e meio da cidade.  Neste grupo de oração só havia mulheres (v. 13) e dentre elas Lucas focou sua atenção especial em Lídia, uma asiática da cidade de Tiatira (v. 14), famosa por suas tinturas. Com ela, dando sequência à nossa temática sobre o PROGRESSO, aprenderemos sobre os elementos essenciais  a  uma MULHER QUE DESEJA PROGREDIR CADA VEZ MAIS!

I – Oração (v. 13)

Ao longo da história as mulheres sempre estiveram na linha de frente da oração,  mulheres como Mônica, mãe de Agostinho, uma referência no pensamento teológico da igreja, que serviu de inspiração para a igreja reformada.  Apesar de ter sido educado conforme os valores cristãos, aos 16 anos Agostinho seguiu pelo tortuoso caminho dos vícios e de correntes filosóficas que negavam a realidade de Deus.  Na contramão desta escolha, sua mãe dedicou-se intensamente a oração pelo filho perdido. Inquieta com a aparente demora de Deus em responder, ao aconselhar-se com um bispo ele tranquilizou-a dizendo: “continue a orar pois é impossível que se perca um filho de tantas lágrimas”. Depois de 33 anos de oração veio a resposta: seu filho converteu-se através da leitura de Romanos e tornou-se um homem extraordinariamente usado por Deus. Lídia, diz nosso texto, priorizou a comunhão com outras mulheres no altar no de Deus. Aqui está um instrumento extraordinário de transformação do mundo: a sensibilidade feminina associada à fé sincera expressa em oração! Não há progresso sem oração!

II – Trabalho (v. 14)

Oração para Lídia não era sinônimo de alienação. Ciente de seu potencial e das oportunidades à sua volta,  tornou-se comerciante de púrpura – um tingimento de alto custo que era feito na lã produzida em Tiatira – ocupando um espaço social importante. Até a década de 60 pensava-se que as mulheres deveriam trabalhar apenas como donas de casa. Na década de 70 começou um processo de saída da mulher do lar, mas com a visão de  que ela  deveria ocupar o papel do homem no trabalho. Hoje devemos entender que homens e mulheres não são competidores mas, como lembra a antropóloga Miriam Goldenberg, “ambos almejam um espaço valorizado na sociedade, na família e no mercado de trabalho”. Contudo, somente mulheres que oram podem adquirir e vivenciar uma visão positiva do trabalho, discernindo que mesmo com muita graça divina e garra conseguirão conciliar equilibradamente suas responsabilidades de comunhão e serviço, família e trabalho, produtividade e descanso. Não há progresso sem trabalho!

III – Temor de Deus (v. 14)

Lídia estava ciente de que o alicerce para a construção de um progresso integral é o “temor do Senhor” o qual, como diz Provérbios, “é o princípio do saber” (Provérbios 1:7).  No último capítulo de Provérbios temos o relato de uma “melhor virtuosa”  que cuidava bem do marido e dos filhos, ralava noite e dia no trabalho, tinha um bom ganho, era solidária, liderava eficientemente o andamento da casa, tinha o reconhecimento do marido e dos filhos.... mas seu segredo era um só – o temor do Senhor:“enganosa é a graça, e vã, a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será louvada” (Provérbios 31:30). “Temor” não significa uma postura negativa de medo do Senhor, mas uma consciência positiva da grandeza de Deus e da nossa fragilidade humana, que nos leve para uma busca prioritária e determinada do Senhor, fazendo Dele  a fonte para todas as realizações. Não há progresso sem temor de Deus!

IV – Coração submisso (v. 14)

Lídia fez a associação da oração ao trabalho, do trabalho ao temor de Deus, do temor de Deus à Sua Palavra: Lucas destacou que sua atenção à pregação de Paulo foi diferenciada, pois  foi o próprio “Senhor que abriu o seu coração para atender”  a mensagem. Pregadores e ouvintes, em cada ministração bíblica, devem estar cientes de que só o Senhor tem poder para transformar corações  de pedra em corações receptivos (Lucas 24:45, Ezequiel 36:26-27), levando-os da ignorância para o saber e do saber para a  vivência dos absolutos divinos. Aprendemos com Lídia que o caminho do progresso verdadeiro é o caminho da Palavra ouvida e vivida!

V – Decisão (v. 15)

Lucas deixou implícito que a ministração da Palavra levou Lídia a uma genuína conversão e, explícito, sua postura seguinte: o recebimento do batismo. Aprendemos, assim, que o progresso legítimo passa por conversão e batismo – transformação e compromisso: eles são a base para a construção de uma relação correta com Deus e com a comunidade de Deus. Cristianismo não começa na religião, começa na conversão, pela qual compreendendo efetivamente quem somos e quem é Jesus – único salvador e Senhor – recebemos,  na sequência,  o selo desta compreensão interior – o batismo exterior com água! A decisão de Lídia por Jesus  foi tão extraordinária que “sua casa” (familiares e servos) também passou pela mesma experiência de conversão e batismo. Não há progresso sem conversão e batismo!

VI – Solidariedade (v. 15)

Para quem já estava de coração totalmente aberto não foi difícil abrir as portas de sua casa para acolher os missionários de Deus. Esta marca de solidariedade sinalizou o grande progresso espiritual experimentado por Lídia.  Hoje, igualmente, Deus está à procura de mulheres que considerem suas casas não só como propriedades particulares para uso exclusivo seu e da família, mas como instrumentos divinos para acolher aqueles que precisam de um carinho humano concreto que evidenciam o cuidado de Deus para com eles; (Exemplo – dona Gláucia – uma mulher de poucas palavras, mas de muito acolhimento).

Conclusão: A passagem de Paulo, Silas, Lucas e Timóteo por Filipos representou o início da obra evangelizadora na Europa. Uma pequena semente, lançada no coração de mulheres simples, germinou, cresceu de uma forma extraordinariamente vigorosa, pois proporcionou a expansão do Evangelho para a África, Ásia, América do Norte, América Latina e Oceania. Como bem lembrou Campbell Morgan – “a invasão da Europa certamente não estava na mente de Paulo, mas, evidentemente, estava na mente do Espírito”.  No meio deste crescimento estava uma mulher chamada  Lídia, de biografia bíblica curta, mas de um caráter marcado pela oração, trabalho, temor, submissão, decisão e solidariedade. Crescer hoje cada vez mais nestas áreas é o desafio de Deus para as mulheres e, igualmente, homens que caminham com Ele!

Pr. Jair Francisco Macedo

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